segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Goethe para começar a semana

cariricaturas.blogspot.com

Ás vezes esquecemos do que somos capazes de fazer, da força que existe dentro de nós, e assim, compartilho com vocês um trecho do poema O Divino do poeta alemão Goethe:


"[...] Por eternas leis, 
Grandes e de bronze, 
Temos todos nós 
De fechar os círculos 
Da nossa existência. 

Mas somente o homem 
Pode o impossível: 
Só ele distingue, 
Escolhe e julga; 
E pode ao instante 
Dar duração. 

Só ele é que pode 
Premiar o bom, 
Castigar o mau, 
Curar e salvar, 
Unir com proveito 
Tudo o que erra e divaga.[...]" 

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Fashin style: eu pela 1ª vez!

Mas pelamordedeus não se acostumem porque não sou a Gisele Bundchen, viu? Foi um jantar de confraternização no último sábado e eu resolvi colocar aqui...:)





Bom, fiz a clássica combinação verde + dourado = não tem erro! No cabelo, outro clássico: trança embutida. Na maquiagem, marrom dourado + esfumaçado preto.

Crédito das fotos: maridão paciente!


segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Dica de filme: Lope


O filme Lope (2010) tenta mostrar, através de alguns fatos interessantes, a história da vida do poeta e grande dramaturgo espanhol Lope de Vega, que ajudou a construir a época de ouro da literatura espanhola renovando a arte do teatro.


Dividido entre o amor de duas mulheres, Isabel ( filha de um grande dono de teatro de Madri, para quem Lope passa a escrever suas comédias) e a aristocrata e pura Elena, Lope escreve e encanta a toda a sociedade madrilenha, mas não sem evitar problemas com dívidas e ofensas públicas.


A ficha técnica do filme é uma surpresa boa: fotografia e trilha sonora impecáveis. Lope é uma co-produção Brasil/Espanha; seu diretor é o brasileiro Andrucha Waddington e tem participações especiais de Selton Mello (um aristocrata que, para conquistar sua amada Elena, paga para Lope fazer lindos poemas) e Sonia Braga (mãe do poeta).




"Desmaiar-se, atrever-se, estar furioso,
áspero, terno, liberal, esquivo,
alentado, mortal, defunto, vivo,
leal, traidor, covarde e valoroso;

não ver, fora do bem, centro e repouso,
mostrar-se alegre, triste, humilde, altivo,
enfadado, valente, fugitivo,
satisfeito, ofendido, receoso;

furtar o rosto ao claro desengano,
beber veneno qual licor suave,
esquecer o proveito, amar o dano;

acreditar que o céu no inferno cabe,
doar sua vida e alma a um desengano,
isto é amor; quem o provou bem sabe."
    
(Definição do amor, Lope de Vega)


quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Sobre censura x censurados, por Pablo Neruda

(tiagosousa.net)

"Debes medirte, caballero,
compañero debes medirte,
me aconsejaron poco a poco,
me aconsejaron mucho a mucho,
hasta que me fui desmidiendo,
y cada vez me desmedí,
me desmedí cada día
hasta llegar a ser sin duda
horripilante y desmedido,
desmedido a pesar de todo,
inaceptable y desmedido
desmedidamente dichoso
en mi insurgente desmesura.[...]"

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Deves medir-te, cavaleiro,
companheiro deves medir-te,
me aconselharam pouco a pouco,
me aconselharam muito a muito,
até que fui me desmedindo
e cada vez me desmedi,
me desmedi cada dia
até chegar a ser sem dúvida
horripilante e desmedido,
desmedidamente ditoso
em minha insurgente desmesura.
(NERUDA, Pablo. O coração amarelo.)

O que somos, o que resta ainda de nós, quando nos calam?

domingo, 16 de outubro de 2011

Professor: amor pela profissão



Ontem foi meu dia...Dia do Professor...tantas dificuldades... tantos acertos... tantas discriminações... recriminações...desvalorização...algum reconhecimento...pouco pagamento...mas no final, o que fica pra mim, ainda é muito amor à profissão. Um grande abraço a todos os meus colegas educadores, persistentes  e remanescentes na arte de ensinar...:)


segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Começando a semana com Drummond


Fazer da areia, terra e água uma canção
Depois, moldar de vento a flauta
que há de espalhar esta canção
Por fim tecer de amor lábios e dedos
que a flauta animarão
E a flauta, sem nada mais que puro som
envolverá o sonho da canção
por todo o sempre, neste mundo
(CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE)

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

M.Butterfly - dica de filme


Já tinha assistido M Butterfly (1993) há vários anos, ainda adolescente (abapha!) mas ontem passou na TV a cabo e assisti de novo...Como vocês sabem, a releitura de uma obra sempre nos propõe diferentes pensamentos, até porque hoje tenho outras experiências de vida que me permitem "enxergar" o filme de outra forma. E isso é bom.


René Gallimard (o excelente ator Jeremy Irons) é um diplomata recém - chegado à China dos turbulentos anos 1960, uma época em que o regime comunista busca seu espaço na sociedade. René acredita firmemente que ao entendermos a cultura do outro, é possível se estabelecer uma convivência tolerante entre Ocidente e Oriente. E ele começa a se inserir nessa cultura milenar até conhecer a cantora de ópera Song Liling (o igualmente ótimo John Lone, do clássico O último imperador -1987), e se apaixona perdidamente por ela.


Só tem um problema neste relacionamento: René não sabe que todos os papéis femininos da Ópera de Pequim são, culturalmente e milenarmente, interpretados por homens, e não mulheres. E Song consegue "enganar" René por vários anos justificando seus pudores pela cultura chinesa. E neste relacionamento eles reinventam o sexo e o amor.


M Butterfly é uma metáfora para a imagem, para a visão do que queremos acreditar. Será que não enxergamos o que está à nossa frente porque não queremos ou porque não conseguimos ver, devido a nossa educação ocidental, tão limitada e cheia de preconceitos?

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Onde o amor está


Para assistir Onde o amor está (Country strong, 2010) você não precisa ser fã de música sertaneja, ou melhor, de country music! Eu mesma demorei a alugar o filme achando que seria um desfile de músicas country lacrimejantes, bregas e tal...preconceito meu, eu sei, até porque esse tipo de som tem ficado cada vez mais pop, até aqui no Brasil...

Pois bem, o filme conta a história da estrela country Kelly Canter (excelente performance de Gwyneth Paltrow, inclusive ela canta e bem!) e sua volta aos palcos depois de um ano de reclusão e internações em clínicas de reabilitação para alcoólatras. Sua turnê precisa dar certo para que ela possa convencer aos fãs de que não só está bem como continua uma diva. Mas as aparências enganam. Kelly ainda não conseguiu se livrar do vício e continua desequilibrada emocionalmente pois acha que o marido/empresário não lhe ama mais.

Para abrir sua turnê são convidados os cantores iniciantes Beau (que não busca a fama pois adora cantar) e Chiles (ex-miss e agora cantora country que busca desesperadamente a fama). O relacionamento entre os dois se estreita à medida que Kelly se afunda em seus próprios dilemas. E em determinado momento do filme surge a inevitável pergunta: até quando o sucesso e a fama pode trazer felicidade? É possível ter sucesso na fama e no amor?



Por que vale a pena dar uma chance ao filme? Pelas ótimas músicas, inclusive Coming home e Country Strong e pra ver um pouco dos bastidores nada glamuroso das celebridades...


#praouvirumpouquinho...

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Elizabeth Bishop again



Mais um poema da querida Bishop, One art, para quem ainda não conseguiu superar suas batalhas. A mensagem é seguirmos em frente, sempre:

One Art
The art of losing isn't hard to master;
so many things seem filled with the intent
to be lost that their loss is no disaster.

Lose something every day. Accept the fluster
of lost door keys, the hour badly spent.
The art of losing isn't hard to master.

Then practice losing farther, losing faster:
places, and names, and where it was you meant
to travel. None of these will bring disaster.

I lost my mother's watch. And look! my last, or
next-to-last, of three loved houses went.
The art of losing isn't hard to master.

I lost two cities, lovely ones. And, vaster,
some realms I owned, two rivers, a continent.
I miss them, but it wasn't a disaster.

-Even losing you (the joking voice, a gesture
I love) I shan't have lied. It's evident
the art of losing's not too hard to master
though it may look like (Write it!) like disaster.

*****************

“A arte de perder não é nenhum mistério;
Tantas coisas contêm em si o acidente
De perdê-las, que perder não é nada sério.
Perca um pouquinho a cada dia. Aceite, austero,
A chave perdida, a hora gasta bestamente.
A arte de perder não é nenhum mistério.
Depois perca mais rápido, com mais critério:
Lugares, nomes, a escala subseqüente
Da viagem não feita. Nada disso é sério.
Perdi o relógio de mamãe. Ah! E nem quero
Lembrar a perda de três casas excelentes.
A arte de perder não é nenhum mistério.
Perdi duas cidades lindas. E um império
Que era meu, dois rios, e mais um continente.
Tenho saudade deles. Mas não é nada sério.
– Mesmo perder você (a voz, o riso etéreo que eu amo) não muda nada. Pois é evidente
que a arte de perder não chega a ser mistério por muito que pareça (Escreve!) muito sério. “
     (Tradução de Paulo Henrique Britto)

Elizabeth Bishop (1911-1979)


quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Pablo Neruda para o meio da semana


Se cada dia cai, dentro de cada noite,
há um poço
onde a claridade está presa.
Há que sentar-se na beira
do poço da sombra
e pescar luz caída
com paciência.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Amor e outras drogas



Amor e outras drogas (Love and other drugs, 2010) fala sobre o encontro repentino de duas almas desgarradas: Jamie (Jake Gyllenhaal) não pára em emprego nenhum e é um sedutor incorrigível. Recentemente ele descobriu que, como é bom vendedor, pode trabalhar para uma grande indústria farmacêutica, a Pfizer, e ganhar muito dinheiro...até conhecer Maggie ( a linda Anne Hathaway) em uma consulta médica. Jamie logo descobre que ela possui uma doença rara para a idade: mal de Parkinson...


Diante das investidas de Jamie, mas ciente de sua condição de saúde instável, Maggie lhe propõe um relacionamento apenas de sexo, e nada mais, sem nenhum compromisso. O grande problema é que o "sedutor incorrigível" se apaixona pela mocinha no meio do caminho...

Então surge o grande dilema da vida de Jamie, que também leva a seu amadurecimento: será que ele vai suportar ficar com Maggie a longo prazo, enfrentando com ela todas as dores de uma doença que não tem cura e só avança?

Para quem acha que o filme é só mais uma comédia romântica, até se surpreende com a temática forte que ronda o script: como os grandes laboratórios farmacêuticos agem, influenciam e assediam não só a classe médica mas também os pacientes, que precisam desesperadamente desses medicamentos para se tratarem e muitas vezes têm de viajar ao Canadá para comprá-los por preços menores...

Mas o filme também é engraçado, por isso vale a pena conhecer essa história este fim de semana!




quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Dica de filme - O retrato de Dorian Gray


O retrato de Dorian Gray (Dorian Gray, 2009) é a adaptação para o cinema do romance homônimo do escritor inglês Oscar Wilde, representante autêntico dos decadentes do final do século XIX. E por isso a história nos leva pra essa temática, a decadência da alma humana e a valorização dos prazeres reais e terrenos, nem que para isso o homem caminhe para a degradação.


Dorian, rapaz ingênuo que acaba de sair do colégio interno, assume toda a fortuna do avô recém falecido e começa a frequentar a sociedade londrina. Logo todos o admiram por sua beleza e Dorian faz amizade com o artista plástico Basil, que se propõe a retratá-lo a fim de perenizar em um quadro a juventude evocada pelo semblante de Dorian. Através de Basil, Dorian conhece o corrupto e hedonista Lord Henry Wotton, que acompanha as sessões do retrato ao mesmo tempo em que apresenta a Dorian as alegrias da vida mundana. Quando finalmente o retrato fica pronto todos se admiram em como Basil conseguiu fazer uma obra-prima e Dorian, ciente de que a obra de arte nunca morre ou se degrada, reclama frustrado: "Tenho inveja de toda a beleza que não morre. Tenho inveja do retrato que você fez de mim. [...]Se fosse eu que ficasse sempre jovem e o retrato que envelhecesse! Para conseguir esse milagre daria tudo, tudo! [...]"


E ele dá sua alma para permanecer eternamente jovem. E viverá sua eterna juventude de forma intensa e inconsequente. Mas será cobrado por isso, e o que antes era seu desejo se transformará em maldição, principalmente quando ele retorna a Londres após muitos anos e se apaixona pela filha de Lord Henry, que pasmem, ele viu nascer! Logo todos começam a perceber algo de anti-natural em Dorian Gray, e como todo pai zeloso, Lord Henry vai investigá-lo...


Vocês não tem ideia da popularidade desse romance na Inglaterra em meados de 1880, que ainda vivia em plena Era Vitoriana, uma época de costumes rígidos e moralistas. Oscar Wilde, decadente que era, com certeza criou a personagem de Lord Henry para servir como seu alter ego e criticar esse período. Mas a principal reflexão que se faz dessa obra, tão atual nos dias de hoje em que se busca extremamente o prazer como fonte de felicidade, é que a única coisa que resiste ao tempo é a obra de arte; a juventude é efêmera e por isso você será julgado por sua essência, pelo que você realmente é....As aparências, no final das contas, não importam muito não é mesmo?

"Vivemos num tempo em que as coisas desnecessárias são as nossas únicas necessidades. Hoje sabemos o preço de tudo e o valor de nada"
Oscar Wilde (1854-1900)


segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Poesia para o começo da semana - Elizabeth Bishop

Poesia é sempre bom, né? Ainda que nos dias de hoje esse gênero esteja tão esquecido...Escolhi um poema da Elizabeth Bishop, poeta norte-americana que passou bons anos no Brasil entre as décadas de 50 e 60. Ela morou em Ouro Preto (MG) e em Petrópolis (RJ) e sua poesia leva boas doses de influências dos cenários brasileiros...Mas escolhi um poema mais singelo, para os românticos de plantão (agora posso me redimir, viu, meus amigos? para quem me considera muito prática e objetiva! rsss)

Close, close all night 
The lovers keep.
They turn together
In their sleep,
Close as two pages
In a book
That read each other
In the dark.
Each knows all
The other knows,
Learned by heart
From head to toes.

**********************

A noite toda,
lado a lado são amantes.
Eles se viram
em seu sono
juntos como duas páginas
de um livro
que se leem
no escuro.
Um sabe tudo
o que o outro sabe
e se conhecem intimamente
da cabeça aos pés.

Elizabeth Bishop (1911-1979)

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Pausa para um cafezinho...

Quem não gosta de dar uma "quebrada" na rotina? Depois do almoço ontem, fui na Fribal da Cohama e pedi um capuccino para espairecer a mente...E foi muito bom!


 #começandoofimdesemana

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Alexandria para o fim de semana

Alexandria (2009) conta a história da renomada filósofa Hipátia de Alexandria, representada no filme pela atriz Rachel Weisz. Por volta do ano 400 D.C, pagãos politeístas se degladiam com os católicos, religião esta já aceita oficialmente pelo Império Romano. Hipátia, filha do grande filósofo Theon, conhecia profundamente os saberes da matemática, astronomia, física e chegou a ser diretora da Academia de Alexadria, mais conhecida como Biblioteca de Alexandria, o maior centro de estudos e de pensamento livre da época.


Hipátia era solteira e vivia para a ciência e seus estudos; tal atitude não era bem vista pelos católicos, que começavam a ganhar muitos poderes na cidade de Alexandria. O ápice da perseguição de católicos contra judeus e pagãos deu-se com a nomeação de Cirilo para o bispado. A partir de então, grupos começaram a perseguir quem quer que fosse em nome da fé. Por que Hipátia representava perigo para Cirilo? Por ser mulher, inteligente e independente a tal ponto para não querer casar com ninguém e dizer o que pensava a todos.

Mas todo o período de liberdade de pensamento e de estudos na Academia de Alexandria acabou quando o imperador romano da época permitiu que os cristãos também utilizassem esse centro do saber - então eles simplesmente atearam fogo em tudo; por isso muito pouco se conhece da vida de Hipátia e muito do que ela publicou se perdeu. A cena da morte dela no filme é bem suave, pois a verdade é esta: enquanto passava de carruagem pela rua, um grupo de cristãos furiosos a atacou e a levou a uma igreja próxima; arrancaram-lhe as vestes, dilaceraram sua pele com cascas de ostras afiadas e por fim a esquartejaram. Depois, queimaram as partes de seu corpo.

"Reserve o seu direito a pensar, mesmo pensar errado é melhor do que não pensar."
Hipátia de Alexandria

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Os pilares da terra

Dica para o feriadão: assistir a saga épica Os pilares da terra (The pillars of the earth, 2010):


 Baseada no best seller do autor inglês Ken Follet, transformou-se em minissérie para a TV e fez muito sucesso, tanto que saiu os 4 capítulos em DVD. Se você assistir Os pilares da terra I - A destruição do templo vai logo ficar fascinado e sair correndo depois pra locadora e pegar os volumes II (Redenção), III (O Legado) e IV ( A obra dos anjos)!


Pano de fundo: as guerras na Inglaterra Medieval (séc. XII) pelo direito ao trono. O rei Henrique I perde seu herdeiro em um naufrágio, restando-lhe apenas a filha Maud, a qual já mãe de um menino, tenta assegurar-lhe o trono. Porém os nobres ingleses optam por apoiar Stephen de Blois, neto de William, o Conquistador (historicamente William, Duque da Normandia, conquistou a Inglaterra em 1066, unificando seus reinos e trazendo a paz e a língua francesa para a ilha da Grã-Bretanha). Stephen é declarado rei e com isso começam as conspirações, alianças e perseguições, pois Maud declara-lhe guerra, ao mesmo tempo em que tenta reunir um exército com a ajuda da França.


São décadas de instabilidade política e nesse meio tempo vamos conhecer o desenrolar das vidas de algumas pessoas: a família de Tom, o construtor - seu sonho é construir uma catedral; Aliena e seu irmão Richard - que perdem sua condição de nobres e suas terras porque seu pai apoiava o finado rei Henrique I; a sádica família Hamsleigh- sedenta pelo poder; o monge William - inocente e sempre com boas intenções; o bispo Walleran - altamente ambicioso; Ellen (considerada bruxa) e seu filho Jack (artista, fascinado por esculpir górgonas). Todos esses personagens se ligam em determinados momentos de suas vidas, por amor ou pelo ódio.


Bom feriado!

sábado, 11 de junho de 2011

A moça do vestido azul


A moça do vestido azul (da autora Gaynor Arnold, Ed.Record, 2011 - Título original: Girl in a blue dress) conta a história fictícia do casamento do grande romancista inglês Charles Dickens e sua esposa Catherine. Porém aqui eles têm os nomes de Dorothea e Alfred Gibson: Dodô, como ela é chamada carinhosamente, se apaixona por Alfred, um jovem em início de carreira literária. Advertida por seus pais sobre a enorme diferença social, Dodô resolve seguir em frente, e não se arrepende, pois Alfred trabalha muito e em pouco tempo consegue dar à ela a vida burguesa vitoriana à qual estava acostumada.


Logo vem os filhos; 8 filhos em curto espaço de tempo, sem contar os abortos e mortes na infância... Alfred, continuamente reverenciado pelo público inglês, torna-se cada vez mais egocêntrico e ausente de casa, culpando Dodô por não lhe dar o suporte necessário e por ter lhe dado tantos filhos, sempre dependendo das irmãs dela e empregados por não dar conta dos serviços domésticos. O afastamento natural e o desinteresse pela esposa que ganhou muito peso ao longo dos anos, levam Alfred a pedir o divórcio, algo impensável em plena Era Vitoriana, quando o casamento era considerado sagrado.

O que levou a escritora Gaynor Arnold a ter interesse por esse tema foi saber de uma história real: a ex-esposa de Dickens, Catherine, em seu leito de morte, entregou à filha Kate um pacote de cartas para que ela as publicasse, "para que o mundo saiba que um dia ele me amou":

File:Catherine Hogarth-oil.jpg
Catherine Dickens, retratada por Daniel Maclise em 1847 (ela tinha 32 anos). Na vida real ela deu a Dickens 10 filhos em 13 anos...ufa! Mas isso era muito comum nessa época (é só lembrar que a prória Rainha Vitória teve 8 filhos com o príncipe Albert!), como diz o estudioso da Era Vitoriana Daniel Pool em seu livro What Jane Austen ate and Charles Dickens knew:

"As mulheres geralmente chegavam a suas noites de núpcias ignorantes e aterrorizadas. A falta de um controle de natalidade eficaz, além do coitus interruptus ou amamentação significava gravidez constante, que somada aos cansaços da própria gravidez, significava ter muitas crianças para criar e tomar de conta. Além disso, o risco de morrer no parto era de 1 para 200 em 1870. O fato de que a lei permitia ao homem ter acesso ao corpo da mulher com o desejo desta ou não, também não a deixava numa posição muito confortável" (1993, p.187 - tradução minha)
E o que dizer do divórcio?

"Feliz ou infeliz um casamento era difícil de se dissolver. Até 1857 os divórcios eram assuntos exclusivos da Igreja Anglicana [...] Se você tivesse argumentos legais, os procedimentos eram muito caros, principalmente se você solicitasse uma permissão para se casar novamente." (POOL, 1993, p. 185)

Para quem quiser se aprofundar na Victorian Age, leia:

 Comprei na Amazon.com (U$ 20,00)


Ou assista o filme A jovem Vitoria (Young Victoria, 2009):


#voltaaotempo