quinta-feira, 7 de novembro de 2019

Biblioteca Municipal Mário de Andrade (São Paulo, SP)


Morar este ano de 2019 em São Paulo (se vc me segue no Instagram, já sabe o porquê dessa mudança geográfica temporária!) me rendeu inúmeras experiências culturais, para dizer o mínimo. É claro que eu não poderia esperar menos de uma metrópole, que por sua própria característica cosmopolita, tem o prazer de acolher e ressignificar as vidas de muitos de nós que não pertencemos a este espaço mas nos apropriamos dele. A minha situação, de vir pra cá para estudar, (de novo!) não é diferente nem mais fácil ou difícil de outras tantas pessoas. Me sinto e sempre me senti muito à vontade em São Paulo, mais livre até - penso que é devido à diversidade que encontro aqui. 

Visitar e conhecer a Biblioteca Municipal Mário de Andrade foi muito significativo pra mim, tanto por sua importância histórica, desconhecida por muitos brasileiros, como por minha paixão por livros, sendo eu uma bibliófila (como todos sabem). A BMA é um importante centro de pesquisa do país, é a segunda maior biblioteca pública do país (a primeira é a famosa Biblioteca Nacional, situada no Rio de Janeiro) e é a maior biblioteca municipal do país. Inaugurada em 1925 com um projeto moderno do arquiteto francês Jacques Pilon, esse edifício localizado no centrão da cidade é considerado um marco da arquitetura moderna paulista.

  O nome da biblioteca só homenageia o escritor Mário de Andrade em 1960 e não o faz sem motivo: Mário foi um dos intelectuais que mais lutou pela disseminação da cultura popular em São Paulo e no Brasil, lutou pela educação e democratização da leitura e foi um dos que iniciaram o Modernismo no país (lembram da Semana de Arte Moderna?), ao lado de Oswald de Andrade e de tantos outros artistas importantes, pois esse movimento na verdade se iniciou nas artes plásticas. Eu teria que escrever um outro post só sobre o Mário de Andrade, mas sei que vocês podem acessar facilmente sua vida e seus feitos pelo Google. Vale a pena saber, porém, que o romance Macunaíma (1928) é o resultado de suas andanças pelo Norte e Nordeste do país a fim de entender o que seria essa cultura brasileira, pois o Brasil não poderia continuar sendo só espelho de uma cultura europeia. Ele também foi Secretário de Cultura em São Paulo. Ah, Mário foi tantas pessoas em uma só! Folquelorista, musicólogo, escritor... Uma homenagem bem justa.


Você fica besta mesmo com o acervo e com o espaço da BMA, e olha que conheço outras bibliotecas dentro e fora do país. A quantidade de gente que ainda frequenta a biblioteca é espantosa e isso me encheu de alegria! A internet é maravilhosa, confesso, mas imagino que ainda demorará muuuuuitos anos para que todos os livros sejam digitalizados. Além do que, a exclusão digital é um fato, e pode não ser sentido por você que lê esse post agora, mas a fonte de pesquisa de muitas pessoas ainda está nos livros físicos proporcionados gratuitamente à população nas bibliotecas. Eu me incluo nesse nicho também, pois faço parte da era analógica. Não nasci com um celular/ tablet nas minhas mãos. Com certeza por isso sou bem desencanada com esse tipo de stress - o digital/virtual. Eu também sei distinguir bem realidade de ficção...


O que eu mais amo nas bibliotecas, além obviamente dos livros, é o silêncio. É como se o mundo inteiro parasse só pra isso: para a contemplação das letras e dos textos. Pra mim o silêncio nunca foi ensurdecedor ou incômodo. Ele é sinônimo de paz e volta ao meu interior. Outra sensação que tenho é de que posso estar em qualquer lugar do mundo, mas estarei sempre em casa se estiver em uma biblioteca. É como diz um ditado antigo em inglês: Home is where the heart is ("Casa é onde seu coração está"). 


O que vc precisa saber de imediato sobre a BMA:

↦Endereço: R. da Consolação, 94, República (centro de SP)
↦Horário de funcionamento: geralmente das 8h às 21:30 (de segunda à sexta) e das 8h às 19:30 (sábados, domingos e feriados). Atenção: se vc possui alguma especificidade e deseja consultar acervos específicos da biblioteca, clique AQUI.
Fonte de consulta: prefeitura.sp.gov.br 
Crédito das fotos: Marcelo Vais 💖

Referência da Sétima Arte:
Eu não podia deixar de lembrar de um dos meus filmes preferidos da vida, Cidade dos Anjos (1998; gente, como amo esse filme e o Nicolas Cage e a Meg Ryan e o roteiro do Wim Wenders!). Nele há várias cenas na biblioteca porque a médica Maggie gosta muito de ler e também porque acredita-se que os anjos habitam esse espaço. Afinal de contas, anjos são seres inteligentíssimos...não à toa sua presença junto aos livros é sempre citada...