sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

Carrie, a estranha - Stephen King

(Rio de Janeiro: Ed. Objetiva, 2013)

"...(o vestiário todo está caindo) que esse tipo de coisa parecia estar sempre acontecendo perto de Carrie quando ela parecia perturbada, como se o azar estivesse sempre no seu pé." (p.30) 

2018 chegouuuuu! E com ele muuuuuuuitos mais projetos de leitura! Será que conseguiremos fazer com que nossos leitores (daqui do blog) e nossos telespectadores (do canal no YouTube) leiam um livro por mês, totalizando doze leituras ao final de 2018? Será? Está lançado o desafio!!!! Venha ser um beletrista! Não vão faltar indicações, podem ter certeza!

Pois muito bem, quem aí é fã de Stephen King, o mestre norte-americano dos romances de terror da contemporaneidade ? Trouxemos pra você a resenha de seu primeiro romance, Carrie, a estranha (o título original é apenas Carrie) que foi publicado em 1974. Eu já era muito fã da 1a adaptação para o cinema, lançado em 1976, com Sissy Spacek no papel da protagonista; mas estava faltando ler a obra.

Carrie, uma jovem de 16 anos, mora com sua mãe Margaret na pequena cidade de Chamberlain, situada no estado americano do Maine. Elas são consideradas estranhas por todos os habitantes da cidade pois levam uma vida reclusa e de profunda dedicação à religião; na verdade, a mãe é uma fanática religiosa, viúva, que criou a filha de forma rígida e com nenhum tipo de informação sobre as coisas práticas da vida. 

Um belo dia, após a aula de educação física, Carrie menstrua pela 1a vez porém acredita estar tendo uma hemorragia e que vai morrer.  Isso faz com que mais uma vez sofra bullying de suas colegas, que ao perceberem sua completa ignorância sobre o fato, começam a lhe jogar absorventes. Ela é socorrida pela professora, Srta. Desjardim, que também custa a acreditar que Carrie desconheça essas questões biológicas. 

As colegas que praticam o bullying são punidas pela direção da escola, sendo inclusive impedidas de ir ao famoso baile de formatura. Uma delas, Sue, se arrepende do que fez e pede a seu namorado Tommy que leve Carrie à  festa. Ele concorda pois também acha que a mocinha estranha merece ser tratada da forma correta e levar ao menos uma boa recordação da época de colégio. Porém nessa específica noite um fato acontecerá que transformará a vida de todos aqueles adolescentes para sempre. E colocará a cidade de Chamberlain no mapa dos fatos trágicos dos EUA.

O que eu mais gostei na leitura, e é importante ressaltar isso, é a técnica narrativa utilizada por King para construir as várias nuances que permeiam os fatos em torno de Carrie e da vida que ela leva desde seu nascimento até a adolescência. A narrativa mescla o olhar de um narrador - observador com trechos de relatos jornalísticos e depoimentos dos sobreviventes da tragédia, sem no entanto chegar a uma conclusão fechada sobre como Carrie fez o que fez. Não vou falar mais nada para não dar spoiler, mas é muito bom ver que a escrita de King possui uma técnica interessante e segue uma lógica coerente, apesar do aparente estado sobrenatural das coisas.

Mas não é exatamente isso o que nós chamamos de terror? Terror é aquilo que nossa mente imagina e que pensamos enxergar na realidade...mas será que é verdade? Ou será que somos induzidos a perceber e enxergar da forma que nossa mente constrói? Será que o sobrenatural não possui, no fim das contas, uma explicação plausível? Você pode ter essa experiência lendo as narrativas de Stephen King, um de meus autores favoritos do gênero.  

"...mas garanto que nenhuma delas sabe o que é ser Carrie White cada segundo de cada dia. E, no fundo, estão pouco ligando." (p.109)