A moça do vestido azul (da autora Gaynor Arnold, Ed.Record, 2011 - Título original: Girl in a blue dress) conta a história fictícia do casamento do grande romancista inglês Charles Dickens e sua esposa Catherine. Porém aqui eles têm os nomes de Dorothea e Alfred Gibson: Dodô, como ela é chamada carinhosamente, se apaixona por Alfred, um jovem em início de carreira literária. Advertida por seus pais sobre a enorme diferença social, Dodô resolve seguir em frente, e não se arrepende, pois Alfred trabalha muito e em pouco tempo consegue dar à ela a vida burguesa vitoriana à qual estava acostumada.
Logo vem os filhos; 8 filhos em curto espaço de tempo, sem contar os abortos e mortes na infância... Alfred, continuamente reverenciado pelo público inglês, torna-se cada vez mais egocêntrico e ausente de casa, culpando Dodô por não lhe dar o suporte necessário e por ter lhe dado tantos filhos, sempre dependendo das irmãs dela e empregados por não dar conta dos serviços domésticos. O afastamento natural e o desinteresse pela esposa que ganhou muito peso ao longo dos anos, levam Alfred a pedir o divórcio, algo impensável em plena Era Vitoriana, quando o casamento era considerado sagrado.
O que levou a escritora Gaynor Arnold a ter interesse por esse tema foi saber de uma história real: a ex-esposa de Dickens, Catherine, em seu leito de morte, entregou à filha Kate um pacote de cartas para que ela as publicasse, "para que o mundo saiba que um dia ele me amou":
Catherine Dickens, retratada por Daniel Maclise em 1847 (ela tinha 32 anos). Na vida real ela deu a Dickens 10 filhos em 13 anos...ufa! Mas isso era muito comum nessa época (é só lembrar que a prória Rainha Vitória teve 8 filhos com o príncipe Albert!), como diz o estudioso da Era Vitoriana Daniel Pool em seu livro What Jane Austen ate and Charles Dickens knew:
"As mulheres geralmente chegavam a suas noites de núpcias ignorantes e aterrorizadas. A falta de um controle de natalidade eficaz, além do coitus interruptus ou amamentação significava gravidez constante, que somada aos cansaços da própria gravidez, significava ter muitas crianças para criar e tomar de conta. Além disso, o risco de morrer no parto era de 1 para 200 em 1870. O fato de que a lei permitia ao homem ter acesso ao corpo da mulher com o desejo desta ou não, também não a deixava numa posição muito confortável" (1993, p.187 - tradução minha)
E o que dizer do divórcio?
"Feliz ou infeliz um casamento era difícil de se dissolver. Até 1857 os divórcios eram assuntos exclusivos da Igreja Anglicana [...] Se você tivesse argumentos legais, os procedimentos eram muito caros, principalmente se você solicitasse uma permissão para se casar novamente." (POOL, 1993, p. 185)
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Ou assista o filme A jovem Vitoria (Young Victoria, 2009):
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