Escolhi hoje falar sobre D.H. Lawrence (D=David e H=Herbert), autor inglês do início do século XX, por achar necessário já que estamos em tempos de histeria pela leitura de "50 tons de cinza" e suas variantes...rsss O amante de Lady Chatterley (Lady Chatterley's lover, 1928) foi considerado por muitos daquela época como um romance proibido e pornográfico, até mesmo pelo próprio autor. Utilizando uma linguagem chocante para o puritanismo inglês, Lawrence chegou a imprimir o romance em Florença, pois não conseguiu editores na Inglaterra. A obra apenas chega massivamente aos leitores após a década de 1960; com a Revolução Sexual, muitos textos literários tidos antes como proibidos e censurados passarão a ser lidos efetivamente...
Lawrence aborda aqui duas temáticas extremamente caras à sociedade inglesa: o sexo e a relação de duas pessoas de classes diferentes. Constance, a Lady Chatterley, casa-se muito nova e logo seu marido é enviado para lutar na 1ª Guerra Mundial. Sua alegria se desfaz com a volta dele, pois está paraplégico e impotente. Daí em diante sua vida se resume a cuidar do marido e aplacar seu desejo sexual. É interessante perceber as reflexões de Constance em relação ao sexo e o que este representa para um homem e uma mulher; ela conclui que ter um parceiro sexual bom nem sempre vem acompanhado do que uma mulher precisa em um relacionamento, o companheirismo. Mas essa percepção muda ao conhecer Mellors, rapaz de classe inferior que trabalha vigiando os limites da extensa propriedade de Lord Chatterley....
Oriundo da classe trabalhadora, Mellors trata Constance como mulher, e não como um bibelô, intocável. As descrições explícitas de sexo entre os dois, claro, chocaram naquela época, mas hoje não. Os dois começam a se entender e a conversar de igual para igual sobre o que os une e o que os pode separar, e Constance se sente valorizada como mulher. Até que ela engravida e tem que resolver como ficará seu futuro...
"Ela abraçou-o sob a camisa, mas sentiu medo, medo
daquele corpo magro, macio e nu, mas que parecia tão forte, medo daqueles
músculos violentos. Ela contraiu-se com medo. E quando ele disse "é bom, é
bom!" algo dentro dela estremeceu, e qualquer coisa no seu espírito
acordou, pronto a resistir. A resistir àquela terrível intimidade física e a
urgência da posse. E o êxtase violento da paixão não a invadiu. Ficou de mãos
inertes no corpo do homem em luta. E, embora tentasse, não conseguia deixar de
observar friamente, distante, o que se passava; e o movimento das ancas do
homem era ridículo, e mais ridículo o frenesi do pênis até à pequena crise da
ejaculação. Sim, aquilo era o amor, aquele movimento ridículo das nádegas,
aquele esmorecimento de um pênis insignificante e úmido. Era esse o divino
amor! "
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