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"E mais uma vez vou usufruir o bem que acompanha o mal".
Olá beletristas, tudo bom? A dica de leitura hoje é do conto de quase 50 páginas O demônio da garrafa, do autor escocês Robert Louis Stevenson. Publicado ali pela década de 1880, o conto traz algumas caraterísticas que marcam a escrita do autor: as viagens a lugares exóticos e o flerte com o fantástico, em específico a temática bem x mal. Muitos de vocês devem conhecer ou ter lido seu romance mais famoso: O médico e o monstro (1886, o qual recomendo fortemente).
A leitura flui rápido não só porque é curta mas porque a história é instigante: o marinheiro havaiano Keawe, em uma de suas inúmeras viagens, chega à cidade norte-americana de San Francisco e é estranhamente convidado a adentrar uma bela mansão. O dono do local diz que ela está à venda, mas como Keawe não tem dinheiro para comprá-la, aquele lhe oferece uma garrafa, dizendo que quem a possuir será um homem muito rico pois ali mora um demônio que satisfará todos os desejos de seu dono. Diz também que pessoas muito famosas e poderosas foram donas dessa garrafa, como Napoleão Bonaparte e o Capitão Cook.
Sem acreditar muito na história, Keawe compra a garrafa e ao mesmo tempo já toma conhecimento das desvantagens da aquisição: se ele quiser revendê-la, terá que ser por um preço menor do que comprou (ou seja, menor que U$ 50,00) e se não se desfizer da garrafa antes de morrer, irá para o inferno. Durante a viagem de volta para sua casa no Havaí, Keawe relata o caso ao amigo Lopaka, que também não acredita nos poderes do demônio da garrafa mas diz que comprará o objeto de Keawe se ele quiser. Mas Keawe faz seu pedido ali: de ser um homem muito rico e dono de uma bela mansão na praia.
Ao aportar, Keawe descobre que seu tio rico morreu e ele é seu único herdeiro. Ou seja, seu desejo é atendido. Agora dono de uma vasta fortuna e de uma bela casa, ele aceita vender a garrafa ao amigo, livrando-se assim, de um pesadelo maior. Após alguns anos, Keawe conhece a linda Kokua e um amor avassalador apodera-se dele. Mas infelizmente nesse mesmo dia ele descobre estar com lepra e se desespera. A solução para curar-se de uma doença sem cura, para posteriormente casar-se com o amor de sua vida, é recomprar a garrafa com o demônio dentro. Agora Keawe terá que empreender uma jornada rumo ao mal, tentando manter o resto de bem que há em si mesmo.
A história tem várias reviravoltas e é isso que torna a leitura instigante, como falei no início; outro plus são as descrições de cenários exóticos que nos levam ao Havaí e à Polinésia Francesa, tudo pra nos fazer pensar repetidamente: vale a pena vender a alma ao diabo?