domingo, 26 de fevereiro de 2012

Hoje é domingo: pausa para um capuccino!

Hoje, depois do almoço, fui tomar um capuccino na Madeleine Casa de Pães (Ponta do Farol, SLZ-MA); e como sou chocólatra, acabei comendo uma eclair de chocolate...humm...delicious!



E eu tenho que dizer: esse capuccino realmente é aquele tradicional, viu? Ainda dá tempo de tomar o seu :)


terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Dica de cinema: Histórias Cruzadas


Vidas Cruzadas (The Help, 2011) está concorrendo a 4 Oscars (não percam, dia 26/02/12!): Melhor Filme, Melhor Atriz (Viola Davis) e tem 2 indicações para Melhor Atriz Coadjuvante (Jessica Chastain e Octavia Spencer). 


Começo dos anos 1960. Skeeter (Emma Stone) acaba de se graduar em Jornalismo na faculdade e volta para sua cidade natal, Jackson, no estado do Mississipi. Lá todos esperam que ela se case logo, como dita os costumes sociais da época, mas ao invés disso ela consegue um emprego no jornal local escrevendo uma coluna sobre dicas domésticas. Aspirando ser uma escritora séria, Skeeter tem a ideia de mexer em um tema bem caro para a sociedade sulista: como o negro é tratado pelo branco, já que até então existe a segregação racial no Sul dos EUA.


Skeeter pede a empregada Aibileen (a excelente Viola Davis) que a acompanhe nesse projeto, mesmo sabendo que estão infringindo as leis estaduais. A ideia do livro que Skeeter quer escrever é que as empregadas contem a história de seu trabalho (por isso o nome "the help", algo como "as serviçais"), sob seus pontos de vista. E assim surgem relatos que se confundem com o próprio passado escravista: elas recebem um salário miserável (95 centavos por hora), fazem todo o trabalho da casa (inclusive cuidar das crianças), seus patrões são considerados seus donos e por aí vai.


Quem também rouba a cena é a empregada Minny (Octavia Spencer): ela se vinga da patroa por esta ter lhe negado usar o banheiro social, de dentro de casa. É essa mulher, Hilly, a presidente de uma liga social feminina da cidade que entrega um projeto ao governador sugerindo a construção de banheiros para as empregadas fora de casa, o que revolta Skeeter. Depois de muitos recusarem seus serviços, Minny vai trabalhar para Celia (a da foto acima), uma mulher discriminada por ter origem pobre (o que os sulistas chaman de "white trash", algo como "lixo branco").


Não devemos esquecer que os anos 60 foi uma década bem movimentada para os americanos: uma das lutas que ganhou repercussão mundial foi a dos direitos civis dos afro-americanos apoiada por grandes líderes como Martin Luther King Jr, Malcom X, W.E.B Du Bois e Rosa Sparks, além do próprio presidente John Kennedy. Através de atos pacíficos, como passeatas e comícios, eles defendiam o direito de votar, de estarem em condições de igualdade com o branco, enfim, de serem cidadãos plenos, sem discriminação racial. Portanto, a história que Skeeter quer publicar cai como uma luva para a época em questão.


O filme não é só drama, pelo contrário; tem muitos momentos cômicos e irônicos rsss Ainda assim, no meio de tanto sofrimento, as empregadas conseguem transparecer força e otimismo por ter esperança no futuro.

Não há como negar que o filme mostra várias nuances do modo de viver sulista. Por exemplo, o sotaque inglês deles é bem característico - é um falar arrastado, que come as sílabas no final rsss! Os casarões no meio das plantações de milho, no estilo casa grande e senzala (como descreve nosso Gilberto Freyre por aqui!); e gente, a comida sulista, meu Deusssss...Delicious!


 Para quem ainda não estudou a Literatura Sulista Norte- Americana (mas ainda tem tempo rsss!), sugiro a leitura dos seguintes livros (ou assistir a adaptação deles pro cinema, ainda que não seja a mesma coisa ;)): E o vento levou, de Margaret Mitchell (para conhecer a visão dos perdedores da Guerra Civil Americana - os sulistas); Luz em Agosto, de William Faulkner (um dos grandes escritores sulistas que existe e que "corta também na própria carne" para mostrar a realidade dos negros no Sul); A cor púrpura, de Alice Walker (o negro sendo discriminado e desrespeitado pelo próprio negro, além da denúncia sobre as condições de vida das mulheres negras); o conto Desirée's baby, de Kate Chopin (do início do séc.XX), para entendermos a diferença do racismo americano para o racismo brasileiro: ser negro não está na cor da pele e sim, no sangue.


quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Meditando com John Donne


Porque hoje acordei com os pensamentos em John Donne e em toda a poesia metafísica inglesa do século XVII:

"Who casts not up his eye to the sun when it rises? But who takes off his eye from a comet when that breaks out? Who bends not his ear to any bell which upon any occasion rings? But who can remove it from that bell which is passing a piece of himself out of this world? No man is an island, entire of itself; every man is a piece of the continent, a part of the main. If a clod be washed away by the sea, Europe is the less, as well as if a promontory were, as well as if manor of thy friend's or of thine own were: any man's death diminishes me, because I am involved in mankind, and therefore never send to know for whom the bell tolls; it tolls for thee."

Ou a tradução:

"Quem não consegue resistir a olhar para o sol quando ele nasce? De fato, quem afasta o seu olhar de um cometa quando ele irrompe no céu? Quem não se curva ao ouvir um sino qualquer quando este toca para qualquer ocasião? E de fato quem pode removê-lo se aquele sino é a peça que o liga precisamente a este mundo? Nenhum homem é uma ilha, inteiramente isolado; todo homem é um pedaço de um continente, uma parte de um todo. Se um torrão de terra for levado pelas águas até o mar, a Europa fica diminuída, como se fosse um promontório, como se fosse o solar de teus amigos ou o teu próprio; a morte de qualquer homem me diminui, porque sou parte do gênero humano. E por isso não perguntai: por quem os sinos dobram; eles dobram por vós."
 (Trecho da Meditação nº17)


Livro - Meditações
Meditações, de John Donne (Ed.Landmark, 2007 - edição bilíngue)

Para os que nunca estudaram Literatura Inglesa ( mas ainda dá tempo rsss): os sermões metafísicos de John Donne permearam sua vida religiosa após a conversão do Catolicismo para o Anglicanismo, religião esta a oficial da Inglaterra. Mas não se engane: não foi a fé que o levou a ser ministro anglicano e sim a poesia. A fé só veio com a entrega de seu espírito a Deus após a superação de uma doença que quase o matou. Depois de uma vida de excessos, orgias, profanações e maravilhosos poemas sobre amor e sexo, Donne finalmente encontrou um sentido para sua existência: Deus.

Mas quando citei este trecho de John Donne, queria atualizar seu sentido para o século XXI: você apenas acha que está sozinho...sempre tem alguém que se preocupa com você...que te espia...que não te quer perder. Se aguçássemos os sentidos para as pequenas coisas que nos acontecem todos os dias, perceberíamos que muito da vida nos escapa pelo olhar...!



quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Dica de filme: Meia noite em Paris


Pelo poster acima não precisa nem dizer que o filme tem pedigree, né? Dirigido por Woody Allen e com um elenco de peso, a surpresa é a escolha do Owen Wilson para interpretar um roteirista americano de sucesso mas escritor frustrado. Gil aproveita o fato de que a família de sua noiva, Inez, mudou-se temporariamente para Paris, para dar vazão a uma certa nostalgia pela época que ele considera ter sido a Idade do Ouro nas artes - a década de 1920.


Perambulando pelas ruas de Paris, à meia noite, Gil é parado por um carro antigo cheio de pessoas bem vestidas e resolve entrar. Ele é levado a uma festa em que encontra seus ídolos: os escritores Ernest Hemingway e F.Scott Fitzgerald, o artista Pablo Picasso...Certo de que voltou ao passado, Gil resolve toda noite esperar pelo mesmo carro à meia noite...e é sempre levado à efervescência cultural típica dos anos 20, também chamado crazy twenties.


Apaixona-se pela amante de Picasso, é encorajado pela poeta Gertrude Stein a escrever um romance, enfim...Depois de vários encontros com ícones culturais, Gil se depara com um dilema: ficar no passado ou ficar em seu futuro? 


Midnight in Paris (USA, 2011) resgata esse sentimento retrô tão comum em nossa pós modernidade; aquela coisa de acharmos que a outra época - que nem vivemos - é que foi melhor...Imagina! Será que o nosso presente é tão ruim assim?


Uma outra coisa a ser percebida no filme: a ironia extremamente engraçada do quanto os americanos, que vão a Paris, não gostarem da França! Morri de rir do paradoxo: Inez, super chic com sua bolsa e perfume Chanel, odeia toda e qualquer referência francesa! Realmente os americanos são umas pessoinhas ambíguas...mas nós brasileiros, também não somos? Conheço muito brasileiro que odeia a Argentina e ama ir para Buenos Aires...Ainda bem que muitas diferenças culturais hoje em dia são sanadas (ou não!) pela globalização...Vale a pena assistir o filme gente, afinal de contas ele foi indicado ao Oscar 2012 por  4 categorias: Melhor Direção, Melhor Filme, Melhor Roteiro Original e Melhor Direção de Arte - agora é esperar pela consagração!