quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

4 anos sem Nascimento Morais Filho


José Nascimento Morais Filho (1922-2009), escritor e pesquisador maranhense... mas principalmente meu avô e mentor...Porque hoje faz 4 anos sem ele...Porque hoje quero compartilhar alguns versos seus, que ainda me emocionam:

As estrelas, meu irmão,
São as letras de luz da linguagem universal,
O coração, seus fonemas;
No entanto,
Não sabes ainda soletrar:
li-ber-da-de!



quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

A fonte das mulheres


A fonte das mulheres (La source des femmes, 2011) é um filme que deve ser assistido mais por homens do que por mulheres...ou o contrário, não sei rsss Porque tem aquela temática feminista, sabe? E trazer à tona um debate sobre direitos femininos em uma sociedade como a retratado na filme - uma aldeia árabe - é sempre delicado...


Mas aqui não tem nada de dramas, não!! Pelo contrário, a forma como as mulheres, lideradas por Leila, resolvem reivindicar por seus direitos é por si só muito engraçada: as mulheres casadas da aldeia se recusam a ter relações sexuais com seus maridos enquanto eles não as ajudarem a buscar água em uma fonte remota, localizada nas montanhas - essa função é exclusivamente feminina. Mas o argumento é super válido: enquanto elas se arriscam subindo e descendo a montanha diariamente para trazer água para casa, inclusive se acidentando e perdendo seus bebês, seus homens ficam o dia todo conversando e bebendo chá num "bar" local.


Leila, ao fazer sua "pequena revolução", é apoiada e orientada pelo apaixonado marido Sami, mas com o tempo percebe que não é tão simples mudar a forma de pensar tanto dos homens idosos quanto dos mais novos. Assim, ela, junto com as outras mulheres, procuram meios, uns engraçados e outros silenciosos, para se fazerem ouvidas, mas nunca afrontando as tradições, que elas sabem são importantes para que hajam respeito e solidariedade no contexto social em que vivem. 

 

O gênero do filme é comédia, mas discute muito apropriadamente questões que para nós, mulheres ocidentais ou que não seguem a religião islâmica, nem passam pelas nossas cabeças um dia ter que lidar. Por exemplo, o simples ato de se apaixonar e não poder casar com quem seu coração escolheu, e sim com quem seus pais já determinaram e "negociaram" para você. Outro ponto tocante na história é quando Leila revela ao marido que já não era mais virgem ao casar com ele; ela havia sido "costurada" por um médico porque senão seria repudiada. Mas ela justifica o fato por ter se entregado ao primeiro namorado por amor...só que o moço teve que casar com outra mulher, já escolhida previamente pelo pai.


Existe algo de muito belo e sensível nessa história: Leila só consegue mudar a opinião das mulheres daquela aldeia pois dá a elas o que lhes foi negado desde sempre - a educação pela leitura. Por ser casada com um professor e por ler muito - escondida, é verdade, da família de seu marido - são necessárias várias conversas e argumentos, inclusive utilizando o Alcorão, para convencer não só as mulheres, mas também seu líder espiritual, de que sua luta é justa. E pensar que tudo começou porque se queria ajuda para buscar água...