sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Licença poética: Gregório de Matos

(1636-1696)

Gregório de Matos Guerra é mais conhecido pelo apelido de Boca do Inferno por seus poemas de cunho satírico nos quais critica principalmente os desmandos políticos e as corrupções religiosas, tudo relacionado a Salvador (BA), cidade em que nasceu. Pertencente ao período barroco, em que o homem deveria tentar equilibrar a dualidade prazer terreno x dever religioso, Matos se destaca pelo inteligente uso do jogo de palavras e de ideias ao escarnecer das hipocrisias da sociedade:

Neste mundo é mais rico o que mais rapa:
Quem mais limpo se faz, tem mais carepa;
Com sua língua, ao nobre o vil decepa:
O velhaco maior sempre tem capa.

Mostra o patife da nobreza o mapa:
Quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa:
Quem menos falar pode, mais increpa:
Quem dinheiro tiver, pode ser papa. [...]

Influenciado pelos poetas espanhóis Góngora, Quevedo e Calderón (a origem da estética barroca está na Espanha, por conta do movimento religioso Contra-Reforma), Gregório de Matos acaba sendo perseguido pelas autoridades locais baianas e é degredado para outra colônia portuguesa, Angola. Lá advoga por vários anos até conseguir permissão para voltar ao Brasil, passando a residir em Recife, onde morre. Apesar de ter sua obra dividida nas temáticas religiosa, satírica e lírico-amorosa, Matos tem alguns poemas de cunho filosófico e este aqui é meu preferido, por descrever sua dificuldade de pertencimento ao mundo em que vivia. Falar o que se pensa tem seu preço - a perseguição e a incompreensão dos outros - de modo que é mais fácil agir como a maioria...Ao ler-se o poema, percebe-se a amargura do poeta em ter que reprimir seus ideais...

Carregado de mim ando no mundo, E o grande peso embarga-me as passadas, Que como ando por vias desusadas,
Faço o peso crescer, e vou-me ao fundo. O remédio será seguir o imundo Caminho, onde dos mais vejo as pisadas, Que as bestas andam juntas mais ornadas, Do que anda só o engenho mais profundo. Não é fácil viver entre os insanos, Erra, quem presumir, que sabe tudo, Se o atalho não soube dos seus danos. O prudente varão há de ser mudo, Que é melhor neste mundo em mar de enganos Ser louco cos demais, que ser sisudo.


domingo, 2 de dezembro de 2012

Look do dia...show de Jorge&Mateus

Sexta-feira, 30/11/12, a dupla Jorge&Mateus fez show em Teresina e eu fui, né, cantar Flor...ô ô ô... rssss Bom, eu fui assim:


Short mais discreto no comprimento porque não sou piriguety, né meus amores? Quem sabe eu arrisco algo mais curto daqui a 2 meses, quando as aulas de Muay Thay estiverem fazendo efeito rssss (vixi, esse é o projeto chamado Carnaval Globeleza! kkkk)


Prendi o cabelo com uma trança mais despojada...já havia previsto calor rsss


Olhos bem marcados...é noite....:)

Ah! quero registrar meu agradecimento a Déborah, a fotógrafa amadora! Beijos, mocinha!




domingo, 25 de novembro de 2012

Tennessee Williams e a dramaturgia norte-americana


Não dá pra falar de teatro norte-americano sem mencionar Tennessee Williams (1911-1983), pseudônimo de Thomas Lanier Williams. Escritor de muitas peças premiadas como O zoológico de vidro (The glass menagerie), Um bonde chamado Desejo (A streetcar named desire) e Gata em teto de zinco quente (Cat on a hot tin roof), as obras de Williams têm dois pontos fortes: as histórias acontecem no Sul dos EUA - e isso faz uma diferença na interpretação do contexto dessas histórias, pois os sulistas possuem uma forma diferente de se portar e uma visão histórico-econômica peculiar em comparação ao restante do país - e suas personagens deliciosamente delirantes, cheias de tabus sexuais, muitas vezes analisadas e percebidas à luz da Psicanálise e Psicologia.

Cena do filme Um bonde chamado Desejo

Williams também insere aspectos autobiográficos em vários de seus textos: a relação mal-resolvida com o pai autoritário; com a mãe sufocante; com a irmã deficiente mental. A personagem Blanche de Um bonde chamado Desejo, por exemplo, assim como várias de suas outras heroínas, foi pensada na irmã Rose, a quem ele tinha um carinho muito grande.

Cartaz do filme A rosa tatuada

Sexo. Relações humanas em seus extremos. Quando se lê um texto de  Tennessee Williams, não se pode perder de vista estes dois grandes eixos. Por isso escolhi comentar uma peça menor dele, ato único, chamada 27 Wagons full of cotton (ou 27 Vagões cheios de algodão); foi adaptada para o cinema em 1956 com o título de Babydoll. O texto foi bem recebido pela crítica mas o filme não, devido a essa imagem do cartaz:


Babydoll, a jovem esposa de Archie Lee, tem um estranho hábito: dormir em um berço grande enquanto chupa o dedo. O marido gosta de espiá-la através de um buraco que fez na parede do quarto e Babydoll sabe...O marido espera ansiosamente pelo aniversário de 20 anos dela pois poderá finalmente consumar o casamento - isso mesmo, Babydoll permanece virgem após 3 anos de casada. Estão nisso quando os 27 vagões de Silva Vacarro, cheios de algodão, aparecem destruídos pelo fogo, causando-lhe grande prejuízo. Logo as suspeitas recaem em Archie Lee, pois sabe-se que ele está com muitas dívidas, e não consegue mais trabalhar com sua máquina de descaroçar algodão.


Disposto a investigar a história, Vacarro vai até a casa de Archie e lá encontra Babydoll. Ele força a confissão da jovem...mas a tarde que os dois passam juntos resulta em uma explosão de desejos...


Quando se pensa nessa personagem, Babydoll, logo entende-se a razão de seu não-amadurecimento como mulher, representado pela imagem do berço: o marido não contribui muito para tocá-la, só a deseja de longe, mantendo-a em um pedestal, venerando-a. Archie Lee a quer como um prêmio e não como mulher. O desejo de Vacarro é o de um homem que enxerga uma mulher em ponto de ebulição - e é ele que contribui para a transformação de Babydoll: ela amanhece o dia "menina" e anoitece "mulher"! A troca de roupas declara isso: vestidinho rodado e fitinha no cabelo pela manhã, trocados por camisola sensual debaixo de um robe com cabelos soltos, à noite. Babydoll é seduzida, mas como todo sedutor, ele a abandona, pois ao fim do dia já havia conseguido o que queria: a certeza de saber que Archie Lee é culpado pelo incêndio de seus 27 vagões...



O que resta para Babydoll no fim do dia, já estando ela ciente de que uma grande transformação ocorreu? Sabendo que já não é mais a mesma pessoa? É como ela diz: "I'm not...Baby!"



sábado, 17 de novembro de 2012

Voltei! e com look do dia...:)

Oi pessoal, voltei...:) e perdoem essa blogueira fajuta que nunca mais colocou um look do dia rsss Eu não sou mesmo nenhuma modelo, mas prometo adicionar regularmente alguns looks, ok? Mesmo sem ter um fotógrafo, nem oficial nem amador rsss Enfim...ontem fui almoçar com a família e depois tomar um sorvete, coisa de feriadão!

Blusa de estampa de bicho (escolhi a de pavão mesmo rsss); não dá pra ver, mas ela é em estilo mullet - curta na frente e mais longuinha atrás. Por isso, como usei-a com um jeans de cós mais baixo, e como estou mais "fofinha", perdoem a barriguinha à mostra, né? Ninguém merece ver uma barriga fora de forma kkkkk

Também ninguém merece ver uma cara dessas com olheira, né gente? Mas o sorvete de iogurte estava tão bom...Ah! Caso vocês estejam se perguntando, "gente, ela tá loira?", sim, estou, só um pouquinho kkkk


Aproveitei pra tirar foto do look das unhas da minha irmã; sei que não dá pra ver direito, mas ela fez a ponta com glitter furta-cor e ficou lindo! Sugestão de manicure pra esse fim de semana!




sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Shakespeare apaixonado


Shakespeare apaixonado (Shakespeare in love, 1998) é um daqueles filmes que sempre valem a pena ser revisitados...Trabalhando a obra A MEGERA DOMADA com meus alunos este mês de setembro, fechamos o debate com este filme, cuja história é a dificuldade de Shakespeare, um dos grandes dramaturgos da literatura inglesa e mundial, em se inspirar; ele busca desesperadamente sua grande musa, mas nenhuma corresponde à altura da obra que ele quer escrever.


Em um baile ele se depara com a nobre Viola e logo se apaixona por ela, sem saber que a moça já está prometida em casamento a Lord Wessex, com  o consentimento da rainha Elizabeth I. Viola ama o teatro e quando sabe que Shakespeare está procurando atores para sua nova peça, "Romeu e Julieta", ela se traveste de homem para conseguir o papel. E consegue. Ressalte-se que nessa época era proibida a participação de mulheres no teatro sob pena de prisão e fechamento do local.


O romance proibido entre os dois floresce, assim como a própria peça...E a pergunta que debati com meus alunos surgiu do próprio questionamento do filme feito pela rainha Elizabeth I: é possível que uma peça de teatro nos mostre a verdadeira natureza do amor? Em outras palavras, o que se quer saber é o seguinte: uma obra de arte consegue imitar com tal perfeição os sentimentos humanos?


Apesar dos extensos debates divergentes a respeito da vida e produção literária de Shakespeare, o que importa é que as obras estão aí, para serem estudadas. E o que o torna tão genial e inovador para a arte renascentista de então e para nós até hoje é sua preocupação em retratar o mais fielmente possível a complexa natureza do homem; suas vaidades, fraquezas e fracassos são a matéria prima das grandes tragédias como Hamlet, Rei Lear, Macbeth e Othello, para citar apenas algumas. Mas para finalizar esse post, que com certeza será o primeiro de muitos sobre Shakespeare pois a inspiração deste autor é eterna, destaco o soneto que está no filme - o Soneto 18 (detalhe: ele escreveu 154 sonetos sobre os mais variados temas):

Shall I compare thee to a Summer's day?
Thou art more lovely and more temperate:
Rough winds do shake the darling buds of May,
And Summer's lease hath all too short a date:
Sometime too hot the eye of heaven shines,
And oft' is his gold complexion dimm'd;
And every fair from fair sometime declines,
By chance or nature's changing course untrimm'd:
But thy eternal Summer shall not fade
Nor lose possession of that fair thou owest;
Nor shall Death brag thou wanderest in his shade
When in eternal lines to time thou growest:
So long as men can breathe, or eyes can see,
So long lives this, and this gives life to thee.
*************
Devo comparar-te a um dia de verão?
tu és mais agradável e mais serena:
os ventos ásperos balançam os ternos botões de maio,
mas o verão não dura para sempre.
Ás vezes o sol brilha mais forte
e muitas vezes seu aspecto dourado é ofuscado,
e toda beleza ás vezes diminui
por acaso ou por causa das mudanças naturais da vida:
mas teu eterno verão não deverá se esvair
nem perder aquela beleza que tu possuis;
nem a Morte poderá se vangloriar de que rondaste sua sombra
pois na verdade crescestes no tempo em versos eternos:
Enquanto os homens respirarem ou os olhos puderem ver,
assim estes versos viverão para sempre, e isto te dará vida.
************
Aqui o poeta imortaliza a beleza e a virtude da amada...o uso da metáfora do "verão" significando a juventude e a beleza nos diz que estas condições humanas são temporárias mas uma vez ressaltadas em versos, tornam-se eternas... é assim mesmo, como diria Hipócrates : Vita brevis, ars longa (a vida é curta, a arte é longa)...



sábado, 22 de setembro de 2012

D.H. Lawrence e O amante de Lady Chatterley


Escolhi hoje falar sobre D.H. Lawrence (D=David e H=Herbert), autor inglês do início do século XX, por achar necessário já que estamos em tempos de histeria pela leitura de "50 tons de cinza" e suas variantes...rsss  O amante de Lady Chatterley (Lady Chatterley's lover, 1928) foi considerado por muitos daquela época como um romance proibido e pornográfico, até mesmo pelo próprio autor. Utilizando uma linguagem chocante para o puritanismo inglês, Lawrence chegou a imprimir o romance em Florença, pois não conseguiu editores na Inglaterra. A obra apenas chega massivamente aos leitores após a década de 1960; com a Revolução Sexual, muitos textos literários tidos antes como proibidos e censurados passarão a ser lidos efetivamente...


Lawrence aborda aqui duas temáticas extremamente caras à sociedade inglesa: o sexo e a relação de duas pessoas de classes diferentes. Constance, a Lady Chatterley, casa-se muito nova e logo seu marido é enviado para lutar na 1ª Guerra Mundial. Sua alegria se desfaz com a volta dele, pois está paraplégico e impotente. Daí em diante sua vida se resume a cuidar do marido e aplacar seu desejo sexual. É interessante perceber as reflexões de Constance em relação ao sexo e o que este representa para um homem e uma mulher; ela conclui que ter um parceiro sexual bom nem sempre vem acompanhado do que uma mulher precisa em um relacionamento, o companheirismo. Mas essa percepção muda ao conhecer Mellors, rapaz de classe inferior que trabalha vigiando os limites da extensa propriedade de Lord Chatterley....


Oriundo da classe trabalhadora, Mellors trata Constance como mulher, e não como um bibelô, intocável. As descrições explícitas de sexo entre os dois, claro, chocaram naquela época, mas hoje não. Os dois começam a se entender e a conversar de igual para igual sobre o que os une e o que os pode separar, e Constance se sente valorizada como mulher. Até que ela engravida e tem que resolver como ficará seu futuro...

"Ela abraçou-o sob a camisa, mas sentiu medo, medo daquele corpo magro, macio e nu, mas que parecia tão forte, medo daqueles músculos violentos. Ela contraiu-se com medo. E quando ele disse "é bom, é bom!" algo dentro dela estremeceu, e qualquer coisa no seu espírito acordou, pronto a resistir. A resistir àquela terrível intimidade física e a urgência da posse. E o êxtase violento da paixão não a invadiu. Ficou de mãos inertes no corpo do homem em luta. E, embora tentasse, não conseguia deixar de observar friamente, distante, o que se passava; e o movimento das ancas do homem era ridículo, e mais ridículo o frenesi do pênis até à pequena crise da ejaculação. Sim, aquilo era o amor, aquele movimento ridículo das nádegas, aquele esmorecimento de um pênis insignificante e úmido. Era esse o divino amor! "

.....

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Estômago


O filme brasileiro Estômago (2007) representa muito bem a metáfora "Na vida há os que devoram e os que são devorados"....Com o excelente trabalho do ator João Miguel (interpretando o nordestino Raimundo), a história foi o grande destaque do Festival do Rio 2007....


Raimundo chega à cidade grande sem nenhuma perspectiva, mas logo arranja trabalho no bar de Zulmiro, que é quem lhe ensina a fazer coxinhas e pasteis para vender no bar. Logo o nordestino percebe não só que tem o dom culinário, como também observa que a comida é o meio mais rápido para se chegar no coração das pessoas... e satisfazê-las. Raimundo também engata um romance com a bela prostituta Íria (perfeita no papel, a atriz Fabiula Nascimento), a qual será sua fonte de inspiração e perdição...



sexta-feira, 31 de agosto de 2012

W.E. - o romance do século

W.E. Movie Poster

Pelo poster já dá pra sentir o drama que é esse filme, né gente? Muito falado e mal falado pelos críticos de plantão que não aceitaram muito bem Madonna como diretora, a verdade é que W.E. (2011) não demonstra grandes pretensões cinematográficas, até porque Madonna nem escolheu atores tão famosos assim. Ela apostou em um quesito interessante: um novo olhar para a história de amor vivida pelo ex-futuro rei da Inglaterra, Edward, e sua Wallis, americana duas vezes divorciada. 



Edward se apaixona por Wallis quando ela ainda está casada com o 2º marido, em plena década de 1930 - obviamente que se tornará odiada por todos os ingleses: é americana, já foi divorciada e terá que conviver com um homem que abdicará do trono a que foi destinado por amor a ela. Madonna imprime aqui um olhar interessante a respeito deste romance do tipo conto de fadas: o que acontece realmente no final? Será que ele não se torna um fardo para a mulher? Analisando as cartas que Wallis escrevia para sua tia americana e outras amigas, surge uma reflexão no mínimo perturbadora de quem vivenciou o romance em si, pois Wallis conclui: Meu Deus, estarei presa a este homem pelo resto de minha vida... Para o resto da vida é muito tempo, não é? Pois a felicidade não é eterna e plena como sugerem os contos de fadas...


Ao mesmo tempo, temos no filme o desenvolvimento da história de Wally, uma moça do século XXI insatisfeita com seu casamento e obcecada pelo romance do século. Ela acaba se envolvendo com um agente de segurança russo, que lhe dá justamente o que precisa: amor e carinho...É Wally quem vai superar sua própria obsessão por histórias de amor perfeitas: já que a sua não é, o que vale é ir atrás de quem lhe faz feliz...

Mas estaria sendo injusta se não falasse da Direção de arte do filme: perfeita! Aqui realmente observamos o capricho do olhar exigente de Madonna: cores e formas exuberantes para retratar a década de 1930 e minimalismo para os dias atuais:



sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Robert Burns e a liberdade romântica


Muitos falam sobre o Romantismo inglês fazendo inúmeras referências a Lord Byron (também um poeta muito amado por mim rsss); porém esquecemos de dar os devidos créditos a Robert Burns, considerado o grande poeta da Escócia, o bardo, aquele que valorizou a linguagem do povo e o ideal libertário romântico...


Burns (1759-1796) revoluciona logo no início do período romântico ao adotar o modo de falar escocês em detrimento da formalidade da língua inglesa em seus poemas, chamados de songs (canções); porque eram mesmo canções, hinos, verdadeiros clamores construídos de forma simples e bela, direcionados ao amor, à vida e à nação escocesa. Por amor à Escócia, o poeta eterniza as famosas Highlands (Terras altas escocesas, um verdadeiro cartão postal do país), com seus vales verdes entrecortados por rios em My heart is in the Highlands:


Burns não foge às suas origens: mais velho de uma prole de sete filhos, de pais camponeses muito pobres, era bem óbvio que ele teria dificuldades para adquirir uma educação formal; mesmo assim frequentou a escola e teve lições de Latim, Matemática e Francês, um luxo! Na vida adulta foi funcionário público, sempre publicando seus poemas, os quais eram recebidos friamente pela crítica culta e nobre da época por causa justamente do uso da linguagem informal. Mas se dos intelectuais ele recebeu o desprezo, do povo ele recebeu todos os louros...rsss Não muito diferente de outros poetas românticos, Burns teve uma vida bem agitada e boêmia; casou e teve 9 filhos...e morreu aos 37 anos. Hoje eu preferi trazer um poema bem singelo porém marcante e engraçado, em que podemos ver toda sua irreverência e entender a razão desse poeta ser tão amado na Escócia!

I Hae a wife of my ain, 
I'll partake wi' naebody; 
I'll take Cuckold frae nane, 
I'll gie Cuckold to naebody. 

I hae a penny to spend, 
There-thanks to naebody! 
I hae naething to lend, 
I'll borrow frae naebody. 

I am naebody's lord, 
I'll be slave to naebody; 
hae a gude braid sword, 
I'll tak dunts frae naebody. 

I'll be merry and free, 
I'll be sad for naebody; 
Naebody cares for me, 
I care for naebody. 

************

Tenho minha mulher
que não divido com ninguém;
Ninguém põe chifre em mim
Não ponho chifre em ninguém.

Tenho dinheiro pra gastar
Graças a ninguém!
Não tenho nada pra emprestar
Não peço emprestado a ninguém.

Ninguém é meu patrão,
Não serei escravo de ninguém;
Tenho uma espada bem grande,
Pra não aceitar golpes de ninguém.

Serei livre e feliz,
Não ficarei triste por ninguém;
Porque ninguém liga pra mim,
E eu não ligo pra ninguém.

***************

Essa é realmente a ideia da liberdade individual...em homenagem a Burns, podemos dizer "decido isso, pago minhas contas e ninguém tem nada a ver"!!!


sexta-feira, 17 de agosto de 2012

The Canterbury Tales & a história da mulher de Bath


Os Contos de Canterbury (The Canterbury Tales) é uma obra da literatura medieval inglesa, de Geoffrey Chaucer, que permanece meio inacabada. Pode-se dizer que antes de William Shakespeare dar uma guinada na língua e literatura inglesas no século XVI, quem revolucionou primeiro, no século XIV,  foi Chaucer. É ele quem resgata a beleza e a poética da língua inglesa através de seus textos - tal beleza esquecida após 3 séculos de dominação do francês e do latim na corte. E o faz da seguinte forma: na obra, um grupo de pessoas segue para uma peregrinação até a catedral da cidade religiosa de Canterbury; porém, para passar o tempo pois a viagem é longa, é proposto ao grupo que cada um conte histórias. Chaucer tem a preocupação de não dar nomes aos personagens e apenas os identifica segundo suas ocupações na sociedade medieval; deste modo temos o cavaleiro, o mercador, o moleiro, o vigário, o médico etc.


Mas a história que eu acho bem interessante, para não dizer inusitada, é aquela contada pela "mulher de Bath" - no grupo ela representa as mulheres viúvas; ao herdar a fortuna dos maridos que teve, torna-se uma poderosa comerciante da cidade litorânea de Bath, gozando desta forma de uma certa independência, coisa rara para a época...Conto agora para vocês a história da Dama Repugnante, ou como se diz em inglês medieval, The Loathly Lady:

 

Nos tempos do rei Arthur, um de seus cavaleiros não resistiu à beleza de uma donzela e raptou-a; tal ato era considerado reprovável e punido com a pena de morte, mas a rainha Guinevere resolveu interferir e pediu ao rei que deixasse que ela e suas damas de companhia julgassem o cavaleiro e escolhessem a pena mais justa. A rainha propõe uma alternativa à pena de morte: diz ao cavaleiro que ele saia à procura da resposta para a seguinte pergunta: o que as mulheres mais desejam na vida? Ele tem 1 ano e 1 dia para cumprir sua missão. 


Desnorteado, o rapaz aceita a tarefa mas durante esse prazo ouve muitas respostas diferentes sobre o que as mulheres mais desejam: algumas querem o amor, outras o dinheiro, outras a beleza, outras a glória. No fim do prazo, já no caminho de volta à corte, e sem chegar a uma conclusão, o cavaleiro se depara com várias jovens dançando na floresta. À medida que se aproxima, observa que as jovens se afastam restando apenas uma velha feia e repugnante. Ele se dirige a ela contando seu suplício e a senhora lhe dá a tão sonhada resposta, mas não sem antes firmar um acordo: ela lhe pedirá algo que ele deve fazer, algo humanamente possível. O rapaz aceita, ambos seguem juntos para a corte e lá o cavaleiro reproduz, em alto e bom som, o que desejam as mulheres: mandar em seus maridos!


E o que a velha pede em troca? Que o cavaleiro se case com ela! Ele lhe oferece dinheiro, porém ela diz que só quer amor....Eles se casam e na noite de núpcias, revoltado, o rapaz humilha sua esposa dizendo que agora está desgraçado por ter se casado com uma mulher horrível e ainda por cima de sangue plebeu...Mas aí entra a inteligência da mulher: a velha diz que ele, que se diz tão nobre, age tão indignamente; que a nobreza está nos gestos e no caráter e não nas origens; e que dali em diante ele tem duas opções: tê-la como esposa fiel e bondosa porém velha e feia, ou tê-la como uma mulher bela porém estúpida e inconsequente...


E para nossa surpresa, o cavaleiro diz que a esposa deve escolher o que ela acha mais correto para ambos rsss Como a mulher é uma fada, ela escolhe ficar bela e bondosa para o marido...e os dois vivem felizes para sempre em harmonia - mas só porque ele resolve obedecê-la! Agora me digam se essa história não é bem ousada para a época, hein? É por isso que admiro Chaucer: no meio de mais de 80 histórias, ele reservou uma para exaltar a inteligência e o poder de persuasão femininos...em plena Idade Média!


  

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Look de noite!

Fui semana passada a uma colação de grau em que tive a honra de ser paraninfa da turma de Letras com habilitação em Língua e Literaturas de Língua Inglesa ;) chic! Escolhi o look a partir da saia transparente, que já não é mais nem tendência rsss Mas aí, vale lembrar a tal da proporção: se a saia já era transparente, a blusa deveria ser mais discreta. Escolhi o tom de verde pois além de ser uma cor que me favorece muito, é diferente!




E se eu disser que a saia e a blusa nem tem grifes? kkkkk Comprei aqui em Caxias rsss Mas tá valendo né? É porque às vezes as pessoas acham que pra ser elegante tem que comprar roupas caras, de grife, mas aí depende claro, do seu poder aquisitivo R$! No meu caso, preferi investir nos brincos, anel e bolsa estilo clutch - meu fraco são  mesmo os acessórios...:))



terça-feira, 31 de julho de 2012

Para Roma com amor


Para Roma com amor (2012) é mais uma daquelas charmosas comédias de Woody Allen - mas sem esquecer o humor com carga pessimista que lhe é tão peculiar :) O filme conta com um elenco igualmente charmoso e multicultural (como Penélope Cruz, Roberto Benigni e Ellen Page) e narra 4 histórias que ocorrem simultaneamente na cidade de Roma. 


Um casal de jovens americanos que namoram e estudam Arquitetura em Roma recebem a triste amiga americana para passar umas férias - logo instaura-se um provável triângulo amoroso; 2 jovens italianos recém casados se perdem em Roma e cada um experimenta uma tentação amorosa - o marido com uma bela prostituta e a esposa com um belo astro de cinema; uma americana de férias em Roma se perde na cidade mas encontra o amor na figura de um belo italiano - com o noivado e a apresentação das duas famílias, surge uma dúvida: será que o amor resistirá às diferenças culturais? 


E a última história constitui o eixo filosófico do filme, que carrega uma crítica severa à indústria da mídia e à banalização das celebridades instantâneas - Leopoldo é um homem comum que em um dia também comum é alçado a fama; sem entender muito bem no início qual sua importância para as outras pessoas, ele logo se acostuma com os benefícios de "ser famoso"...  

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Look de shopping

E por aqui meus amores, quando a gente quer espairecer um pouco, vamos ao shopping em Teresina! Caxias (MA) fica a 1h da capital piauiense, por isso às vezes compensa dirigir até lá para passar a tarde no shopping. Sendo assim, este foi meu look:




Bolsa comprada aqui mesmo em Caxias...rsss


O rabo de cavalo fui eu que fiz (tenho que me virar né?)


E ando investindo nos maxi colares...eles fazem uma boa diferença no look, né?