Escolhi ler The Professor (1846), da autora inglesa Charlotte Brontë (uma das irmãs Brontë), pois ainda estou "nostálgica" do século XIX kkkk. Mas claro que também optei por lê-lo pois queria ter uma ideia do que era ser professor naqueles tempos. A história gira em torno de William Crimsworth, o professor do título.
O órfão William, ao terminar seus estudos aos 18 anos em uma prestigiada escola inglesa, resolve ir contra os planos de seus tios: em vez de casar com uma de suas 5 primas e ser pastor, ele decide procurar seu irmão Edward em outra cidade, e chegando lá descobre que este é um bem sucedido homem de negócios. William começa a trabalhar para seu irmão no comércio mas depois percebe que é muito explorado por ele. Mr. Hunsden, inimigo de Edward, escreve uma carta de recomendação a um amigo seu que mora em Bruxelas, na Bélgica, para que este arrange um emprego de professor de Inglês a William. E é o que acontece: William arruma as malas e viaja para um país totalmente desconhecido, até porque não fala francês. Ele começa a trabalhar em uma escola para garotos, do Sr. Pelet, e também em uma escola para moças, da Srta. Reuter. Nesta escola ele conhece a professora de bordado, Srta.Frances Henri, a qual se torna sua aluna pois seu maior desejo é falar Inglês. Daí para frente, os dois começam a se conhecer...
O que mais me surpreendeu na história é que da metade para o final a atenção se volta para a personagem Frances: aparentemente resignada com sua vida de privações, ela demonstra uma força e vontade de mudar impressionantes, e sempre a partir dos estudos. O conhecimento que William lhe proporciona só serve para lhe dar mais confiança. Em dados momentos, o professor William se torna coadjuvante porque o discurso de Frances revela uma independência feminina em pleno século XIX incomum, como quando ela escreve a William dizendo que estava empregada como professora de Francês em uma escola para moças:
"[...] Ficou combinado que eu trabalharia 6 horas por dia (ainda bem que não me pediram para morar na escola, pois ficaria triste se tivesse que renunciar a meus aposentos) e para isso vão me pagar 1.200 francos por ano. Então monsieur, veja, agora estou rica; mais rica do que algum dia imaginei ser.[...]"
Obviamente que eles se casam... E sabe do que mais? William apóia a ideia da esposa continuar trabalhando, outra coisa inusitada para a época! Até mesmo quando ela resolve montar sua própria escola, ele não interfere.
Mas para mim, que sou professora, a melhor mensagem veiculada pela obra e que a atualiza perfeitamente para o século XXI, é que demonstra a nobreza de ensinar e compartilhar conhecimentos com seus alunos; é subir na vida através de seus próprios esforços e através dos estudos, como aconteceu com a humilde Frances; é ser bem sucedido, inclusive financeiramente nesta profissão, a qual é percebida com tão pouca significância pela maior parte da sociedade pós-moderna....