quarta-feira, 5 de junho de 2019

Flores para Algernon, romance de Daniel Keyes

(São Paulo: Aleph, 2018)
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"Se você é intelijente você podi ter muitos amigos pra conversar e você nunca fica solitário sosinho o tempo todo."

Olá pessoal, tudo bom? Ainda tenho os olhos úmidos de lágrimas pois terminei agora de ler esse romance (sério, sem clichê porque é verdade) e vou escrever essa resenha impactada emocionalmente. Começo perguntando: como pude passar tanto tempo sem conhecer essa obra? E digo mais: obrigada, editora Aleph, por trazer aos leitores brasileiros um romance que é simplesmente um dos mais lidos nos EUA além de ser muuuuito utilizado por professores americanos em suas aulas. Depois que vocês lerem Flores para Algernon, vocês saberão o porquê dele ser adotado em várias escolas.

Daniel Keyes, o autor, a princípio o publicou em formato de conto em 1959, mas viu que a história tinha potencial para ser melhor desenvolvida, e assim, transformou-a em romance e tornou a publicá-lo em 1966. Aí fez tanto sucesso, ganhando prêmios do gênero ficção científica como o Nebula e o Hugo, que foi adaptado para o cinema em 1968 com o título de Charly. Detalhe: o ator Cliff Robertson que interpreta o personagem-título ganhou o Oscar de Melhor Ator. Ufa! Será que até aqui já convenci vocês a lerem o romance? Espero que sim! 

Mas vamos à história, que como falei há pouco, se insere no gênero ficção científica - o qual sou fã declarada, já disse várias vezes, ou por aqui ou lá no Instagram (@a_beletrista). Charlie é um rapaz com um Q.I baixo, algo em torno de 68, que possui retardo mental e não consegue reter o que aprende. Ele frequenta a escola noturna e tem aulas com a prof Alice Kinnian e trabalha numa padaria executando serviços simples e que permitem que ele se sustente como um ser humano capaz e responsável por si. Seu sonho é ser inteligente como todo mundo, pois desde criança Charlie sofre muito com a insatisfação da mãe em vê-lo nesse estado. Ele foi rejeitado pela família quando adolescente, enviado à uma instituição para pessoas com vários tipos de deficiências.

Em uma oportunidade única, Charlie aceita participar de um projeto de pesquisa cujo objetivo é "dar" inteligência a pessoas como ele por meio de uma cirurgia no cérebro, mesmo sem saber exatamente quais serão as consequências disso em humanos, já que ele é o primeiro que se submete a essa experiência. Em troca, ele deve executar vários testes no laboratório de Psicologia da universidade, escrever relatórios de progresso diários e/ou semanais e não faltar às sessões de terapia. No laboratório ele conhece o ratinho Algernon, único animal submetido à mesma experiência que Charlie.

E a cirurgia dá certo. E o que se vê dali em diante é espantoso: a inteligência de Charlie alcança um nível inimaginável, ultrapassando até o Q.I de seus mentores, o psicólogo Dr. Nemur e o psiquiatra e neurocirurgião Dr. Strauss. O mais espantoso é o que se segue: todo esse salto cognitivo faz com que Charlie perceba que esse projeto de pesquisa tem uma falha, descoberta após várias observações no comportamento de Algernon.

O texto que lemos em Flores para Algernon é simplesmente TODO o relato de progresso de Charlie - o antes, o durante e o depois, sendo narrado por ele mesmo, de forma cronológica. Por isso é tocante: porque você fica íntimo dos desejos e das dores de Charlie. A minha emoção se deve à questões mais humanas que a leitura desse romance traz à tona o tempo todo: a inteligência realmente nos faz seres humanos melhores? Ou corremos o risco de nos isolarmos e nos tornarmos mais autocentrados e egoístas? Como Charlie era tratado quando ainda possuía retardo mental: com respeito ou com compaixão pelos outros? Quando Charlie "conseguir" ficar inteligente, como as pessoas o enxergarão? Mas o mais importante: o que ele fará com tudo o que aprendeu em tão pouco tempo? Em que ser humano ele se transformará? Ressaca literária define essa leitura...

"Mas agora sei que existe algo que todos vocês negligenciaram: inteligência e educação sem doses de afeto humano não valem droga nenhuma."




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