sábado, 14 de abril de 2018

Por ti, ó Democracia - resenha do poema de Walt Whitman por Eduardo S. Conceição* e Raylana R.P. Silva*

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(São Paulo: Ed.Martin Claret, 2005)

Por ti, ó Democracia

Vem, farei o continente indissolúvel,
Criarei a mais esplêndida raça sobre a qual o sol já brilhou um dia,
Farei terras magnéticas e divinas,
Com o amor dos camaradas,
Com o amor de longa vida dos camaradas.

Plantarei companheirismo espesso como árvores ao longo de todos os rios da América,
e ao longo das praias dos grandes lagos, e por todas as pradarias,
Farei cidades inseparáveis, com seus braços em torno do pescoço umas das outras,
Pelo amor dos camaradas,
Pelo amor varonil dos camaradas.

Para ti, isto de mim, ó Democracia, para servir-te, ma femme!
Para ti, para ti, estou vibrando estas canções.

Estruturalmente, o poema de Whitman nos apresenta uma das características influentes do Romantismo: a liberdade formal, observada por meio dos versos livres e da ausência de um formato poético fixo. O eu lírico defende um empenho em ver um país unificado e indissolúvel, compreendendo o patriotismo como a base fundamental para se alcançar a democracia. Desse forma Whitman demonstra seu desejo de expansão, crescimento e solidificação para uma América próspera.

Parafraseando o crítico literário norte-americano Harold Bloom, a linguagem do poema parece de fácil entendimento, mas é em sua sutileza que o eu lírico demonstra seus ideais patrióticos, que ambiciona o crescimento de seu país, valorizando primeiramente a união entre todos os habitantes da América, já que todos compartilham desse mesmo desejo.

As metáforas inseridas magistralmente por Whitman  refletem o compromisso firmado entre o eu lírico e sua dama, "ma femme", que simboliza a sua pátria; é à ela que lhe deve toda a dedicação e força, ao "servi-la". Esta pátria, com suas "terras magnéticas", atrairia tudo e todos úteis a seu desenvolvimento, e consequentemente, repeliria tudo o que a enfraquecesse. É importante notar também que o futuro da pátria depende do companheirismo e amor entre seus habitantes - por isso o eu lírico roga pelo "amor dos camaradas". Esse amor másculo pretende ser símbolo de força e proteção para sua "femme".

Espalhar e "plantar" esse companheirismo ao longo de toda a extensão do país é uma meta para o eu lírico - novamente, este ato fortificará e unirá ainda mais a todos.

Vivendo um momento de profundas mudanças nos EUA - que é o século XIX - e observando como se constitui a nova identidade deste novo país, Whitman estabelece nesse poema que a união de todos em prol de um bem comum é condição sine qua non para que o país cresça forte e tenha um futuro brilhante e próspero. Esse seria o verdadeiro ideal de democracia.



* Os autores desta resenha são alunos do 7º período do Curso de Letras/ Inglês da Universidade Estadual do Maranhão/ Campus Caxias. O texto foi produzido para alcançar a primeira nota da disciplina Literatura Norte-Americana ministrada por mim este semestre.

Um comentário:

  1. Tão importante quanto a leitura é o bom entendimento, este foi brilhantemente elaborado: "o verdadeiro ideal de democracia". Parabéns aos coautores!

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