Você gosta de poesia? Se sim, deixe de lado
seus pré conceitos sobre poesia, principalmente sobre poesia marginal. Não, ela
não foi produzida por um bando de loucos sem rumo, sem eira nem beira, que só
queriam bagunçar o cenário intelectual arrumadinho nos idos das décadas de
1960,1970 e começo de 1980. Não, eles não eram alienados. Eles queriam
bagunçar, mas também queriam espaço e voz que não eram dados a quem queria uma
terceira opção de expressão.
Em um contexto social complexamente bipolar,
bipartidário, unilateral e pouco plural, dominado por frases de efeito como
“ordem e progresso”, “ame-o ou deixe-o”, em que ou você era conservador e a
favor do país e da família ou era comunista e guerrilheiro, contra a moral, os
poetas marginais propunham novas experiências literárias; novas vivências; um
novo caminho de existência, talvez, um caminho do meio no meio de poucas opções
de ser.
O ser humano precisa de mais do que isso pra
viver. A poesia é de todos, para todos. É um momento de comunhão de emoções, de
doação de sentimentos variados, que não se limita a um pedaço de papel ou a um
reconhecimento acadêmico. A poesia transborda do papel para virar música – pois
um dia era lira e aqui volta a seu estado original; a poesia transborda em
gestos e olhares com o público, pois qual o motivo de poetar sem ter alguém pra
dialogar? Serei eu um poeta? Qualquer um pode ser poeta, produzir poesia, a
palavra é minha, por que não? Por isso a pergunta é tão simples e ao mesmo tempo
tão urgente: você gosta de poesia?
Apresento-lhes então Torquato Neto, Waly Salomão, Ana
Cristina César, Cacaso, Chacal, Charles, Afonso Henriques Neto, Francisco
Alvim, Paulo Leminsky. Marginais porque plurais; marginais porque espontâneos;
marginais porque a literatura, na verdade, precisa de aventura e de loucura.
Marginais porque a poesia não precisa de aprovação de um grupo seleto pra
acontecer. O povo é onde minha poesia acontece. Ser poeta é ter atitude. O
mundo é grande e minha poesia não se limita ao céu.
DEVENIR, DEVIR (WALY SALOMÃO)
Término de leitura
de um livro de poemas
não pode ser o ponto final.
Também não pode ser
a pacatez burguesa do
ponto seguimento.
Meta desejável:
alcançar o
ponto de ebulição.
Morro e transformo-me.
Leitor, eu te reproponho
a legenda de Goethe:
Morre e devém
Morre e transforma-te.
Temos um grupo de performance em que fazemos intervenção poética: ler poemas para causar espanto e reflexão. Porque poesia é isso. É o nosso instante. E é o bastante.
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